sábado, 11 de abril de 2009

Reviews: Dragonball Evolution

Há muito tempo, uma criatura vinda dos céus surgiu pra destruir nosso mundo. Guerreiros poderosos uniram-se para poder trancafiá-lo sabendo que, um dia, ele retornaria. Porém, num eclipse solar, um Escolhida será a peça-chave para vencer esse mal.

Isso te faz pensar em Dragon Ball? Mais uma vez, tenho que alertar que isso vai doer.

Ao contrário de Snyder - como disse em meu review anterior - Dragonball nunca quis ser fiel à fonte. Até mesmo o criador do mangá, Akira Toriyama disse que deveríamos encarar esse filme como uma versão "à parte" da série original. E, ele tem um ótimo ponto: ninguém poderia ir ao cinema esperando ver uma garota de cabelos azuis, aliens com anteninhas ou um macacão gigante.

No entanto, eles foram longes de mais!

Vamos - ao contrário de Star Wars - começar pelo começo: Dragon Ball é um dos mangás mais populares do mundo. Tem uma imensidão de produtos que levam seu nome, se extendendo por animes, longa-metragens de animação, jogos, roupas, alimentos, brinquedos e troçentas outras coisas. Mais do que isso, é ainda hoje uma marca extremamente querida por seus fãs: para se ter uma idéia esse ano (para comemorar os 20 anos de Dragon Ball Z) a série foi relançada no Japão em formato HD, alcançando a marca de 11,3% da audiência de animes, desbancando One Piece, Naruto e Pokémon. A série completa possue 153 capítulos da primeira fase, 291 da fase Z e mais alguns da Outra fase que ninguém se importa. Como - eu repito - como se adapta isso para o cinema norte-americano? Resposta: não muito bem.

Mas, antes de falar mal, vou tentar enxergar alguns pontos positivos. O Piccolo de James Masters é bastante convincente como vilão, mesmo aparecendo no máximo uns 10 minutos em cena. A alternativa usada para as cápsulas Hoi-Poi foi muito bem sacada, assim como a decisão de não pintarem os cabelos com as exdrúxulas cores do anime.

A dublagem brasileira - com o mesmo elenco do desenho - também estava ótima, conseguindo dar um pouco de sobrevida para a sessão.

Uau, nunca me esforçei tanto para tentar lembrar de pontos positivos de um filme!

Existem zilhões de pontos que provam que Dragonball Evolution é um filme ruim. Como eu não tenho o tempo - muito menos o saco - pra ficar esmiuçando essas pequenices, vamos nos centrar naqueles que eu consigo me lembrar nos principais. Como sempre, contém spoiler - e uma cena hentai escondida!

Onde estamos?: o mangá original sempre deixou muito claro que a história se passa num mundo alternativo, e isso se torna óbvio pelas "pessoas-animais", magia e dinossauros andando nos desertos. No filme, nunca dá pra ter certeza: as vezes parece o futuro próximo, as vezes parece um outro mundo.

Clichês em cima de clichês, recheados com clichês. A sobremesa será um delicioso Clichê!: Dragon Ball pode não ser a obra mais original do mundo (a origem do Goku é claramente inspirada na do Superman, por exemplo), mas tudo tem limite. Aqui temos tudo: o garoto "nerd" que sempre se dá mal nas mãos dos valentões; a paixão aparentemente impossível e não correspondida; uma jornada que começa depois que um parente morre; um último suspiro marcado por uma frase digna de livro de auto-ajuda (Acredite sempre no que você é). Até o maior de todos os clichês, "o Escolhido destinado a salvar o mundo do mal" está nessa pérola!

Mal porque sim: Piccolo quer reunir as Esferas do Dragão para poder realizar seu desejo de conquistar o mundo. Sendo que vemos até mesmo nos trailers ele destruir cidades inteiras sem suar! Pra que diabos ele precisa de Shen-Long?

Chow Yun-Fat: antes de tudo, quero deixar claro que adoro o ator! Ele atua e luta muitíssimo bem. Em filmes chineses. Desde "O Monge A Prova de Balas" ficou claro pra mim que ele deveria se manter longe do cinema ocidental pelo bem da própria carreira. O Mestre Kame apresentado no filme tenta ser parecido com o original e falha em todos os pontos... Ele não é mais tão velho, não usa suas marcas registradas (óculos, careca e barba), cria momentos ridículos quando tenta ser engraçado e por aí vai. Nem mesmo seu kung-fu é divertido!

Ataque da Sombra da Garça: não, isso não é aquele ataque do Karate Kid! Na verdade, é um bizarro movimento que faz parte do repertório de Goku. Parece que os roteiristas assistiram alguns episódios de Avatar e pensaram "Hey! Esse negócio de 'dobrar o ar' é legal! Porque não colocamos em Dragonball? Quem liga se não tem no mangá ou no anime, é só um filme pra crianças!". E agora nós temos essa técnica ridícula. E, por falar em ridícula...

Strip-Kamehameha: Goku sempre foi um verdadeiro símbolo para a palavra "inocência". Como isso não se encaixa nem um pouco nos estereótipos que os roteiristas queriam seguir nesse filme, tiveram que mudá-lo para... Um adolescente que jurou nunca lutar, mas quebra a promessa pra impressionar a garota que gosta. Quando o Mestre Kame vai ensinar seu famoso golpe, encontramos o garoto tendo dificuldades. E o que melhor do que sexo implícito para fechar uma cena assim? Aliás, quem sequer imaginaria uma cena de sexo entre o Goku e a Chichi? Pensando bem... Deixa pra lá.

Torneio? Era melhor ver o filme do pelé: Goku sempre foi, desde criança, obssecado com a idéia de enfrentar os inimigos mais fortes. De fato, a história toda só começa porque Bulma promete á Goku que ele terá grandes desafios na jornada pelas esferas! O Torneio de Artes Marciais sempre foi o local onde os mais poderosos se encontravam, onde as batalhas mais decisivas eram travadas. No filme, ganhamos um torneiozinho à toa, que não chega aos pés do Kumitê do Grande Dragão Branco. E isso é dizer muito.

O Yamcha tá nesse filme?: tudo bem que na fase Z o Yamcha foi limado para o limbo (perdeu até a namorada), mas primeira fase do mangá ele é muito importante. Aqui temos um Yamcha totalmente diferente da sua contraparte: feio, loiro, fraco (sequer luta) e dando em cima da Bulma logo de cara. A coisa mais legal sobre o Yamcha era seu medo de mulher, e limaram isso do filme totalmente! Igualzinho ao próximo ponto.

O Kuririn tá nesse filme?: pensando bem, esqueçam esse item. Prefiro nenhum Kuririn do que um Kuririn descaracterizado! Próximo.

As esferas da lagartixa de computação gráfica mal-feita: acho que o título é bem auto-explicativo, não? Shen-Long tem o corpo de um dragão chinês, com a cabeça de um dragão ocidental. Algo como um labrador com a cabeça de um pincher. Pra piorar, o Deus sequer fala seu célebre "Mas isso é muito fácil".

Macacos me mordam: sim, o Oozaru está no filme. E, acreditem, isso não é bom! Aqui descobrimos que Goku é, na verdade, um alienígena aliado de Piccolo, que veio para Terra dentro de um meteoro e usou o disfarçe de humano para se esconder. Durante a batalha final, um eclipse ocorre e ele revela sua verdadeira forma de homem-gorila e, pra voltar ao normal, ele tem que "se lembrar do seu 'verdadeiro' eu". Comovente, não? Não.

Vou deixar bem claro que eu poderia continuar aqui durante dias: tem muita coisa ruim pra se falar desse filme. Os itens acima não demonstram toda a ira que eu - mais alguns milhões de fãs - passei assistindo essa atrocidade. Recomendo que todos baixem o filme, para tentar ferrar ainda mais a produtora. Se nos esforçamos, podemos impedir uma continuação. O poder é de vocês!

Nota final: